sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Direito ao Travesseiro


Em directo até. Pillow em inglês, porque revi o The Pillow Book, de Peter Greenway. mas podia ter visto o Pillow Talk, com a Doris Day. "Aconselhar-se com o travesseiro", "Para teu conselheiro, não esqueças o travesseiro", ditados que remontam ao latim onde se dizia "Pulvillum consulere". E este pulvil, que em português nada tem com artefactos de cama, mas sim com pó (polvilhar, pulvorulento) e por via popular deu pilha, no inglês deu pillow. Um vestígio dos romanos no dia a dia anglo-americano: "cup" (taça), do latim "cuppa" (tonel), de "kitchen" (cozinha), do latim "coquina" (cozinha), de "wall" (parede), do latim "vallum" (paliçada) entre outros.

"O lugar da face" é o que quer dizer em árabe al-mo-khada, a progenitora de almofada. E como o filme é poliglota mas a protagonista escreve nomeadamente em caracteres chineses, permito-me o direito de meter aqui o travesseiro, uma palavra que põe a cama horizontal geometricamente direita. Fica a cama feita.

O Livro do Lugar da Face, seja então, é um filme cheio de caracteres e por isso, talvez, muito característico. A superfície a escrever varia, mas a obra-prima é na pele, por toda a pele, face, escalpe, sola, pálpebra... de sucessivos mensageiros-"papel".

A ler antes do sono. Um sonho a ver antes, para quem sonhar é risco. E não se pode acordar do sono sem sonhar ao menos uma vez por semana, dizem os que meditam inconsciências, desmaios, apagões. Terapia de ocasião, colhida no real das redes e ecrãs, ao descaso do acaso, com efeito.

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