quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Uma imagem, 1000 mitos por contar







De Jasão e argonautas há várias versões, o ponto de convergência é o Velo de Ouro. Na foto, a imagem de um vaso grego que se conserva no Vaticano. Nenhuma das versões escritas do mito e bem pormenorizadas, por sinal, conta a história desta preciosa imagem em que Jasão aparece a ser apresentado a Atena numa bandeja, que é a mandíbula inferior do Dragão da Cólquida (a Georgia actual). Que antes o engolira inteirinho, como se fosse uma cobra Boa, que há no Brasil, por exemplo, e cujas proezas podem ser vistas em inúmeros programas do National Geographic channel. Ou em DVD.

Pelos vistos só foi devolvido, e profundamente inconsciente, se não totalmente amassado, por intervenção de Atena, presente com todos os seus atributos, e com o velo de ouro, pendurado num ramo, acima e à direita. Tal como depois aparece no símbolo da ordem de La Toyson d'Or, instituída na Borgonha, aquando do casamento de uma filha de D. João I e Filipa de Lencastre irmã de D. Duarte, D. Henrique, D. Pedro, D. João, D.Fernando...Era o elemento feminino da ínclita geração. Uma alternativa à Jarreteira inglesa que por razões diplomáticas o duque não podia aceitar.

Para além da força assustadora da imagem que encerra o mistério de ser uma parte por contar de um mito grego com versões antigas, medievais, modernas, mas que nada adiantam sobre o episódio ilustrado. Ora este dragão era conhecido porque nunca dormia. Será que era o Sono Absoluto em forma Animada? O Jasão, jaz completamente inerme e inconsciente, de borco sobre a mandíbula crocodiliana da cobra, cabelo e braços a pender e do sexo para baixo o que se vê são escamas, cristas ósseas...da serpentina criatura. Em posição análoga à do tal carneiro de ouro, suspenso do galho, apenas pele, sem carne, mas talvez com osso, da cabeça.

E Atena? Está atenta, mas não ao olho que o cobrão nela crava. Um olho dentro de uma cavidade ocular em forma de gota polposa, que se prolonga para trás, em fusão com outra "gota" oposta, e a forma faz lembrar o símbolo do infinito na Matemática, ou uma forma denominada lemniscato ou fita de Moebius.

E o dragão não parece fazer esforço para manter aberta ao máximo a mandíbula superior. Esses dentes bem visíveis nas duas mandíbulas, continuando a desfiar mitos, seriam semeados. Mas ali, no vaso estão graficamente bem implantados, perfeitamente em condições, sem necessidade de dentista.

Euripides tratou do caso de Jasão, quando trai Medeia para fugir com o velo de ouro, o carneiro. Onde é que essa história entra na imagem que o vaso ilustra? Não imagino. Mas como estamos em teatro, e teatro ainda é muito Shake-speare (que até tem obras históricas em que entra o John of Gaunt, pai de Filipa de Lencastre), e speare é lança, um dos atributos na mão direita de Atena, deixemos que isso fique para aí a vibrar, a agitar.

Eu até sou da geração do Shake-Rock and Roll.

E como os anos passam e o shake se acelera, sugiro ver o que acontece pela Ilha do Ermal, Alto Minho, numa ilha em albufeira agora da EDP, este fim de semana. Três dias de rock pesadíssimo, cada dia dezenas de grupos metal, para um público de admiradores fiéis. E é Portugal. E é mais que um ermo, um ermal.

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